sábado, 17 de setembro de 2011

Conversa a sós

E então que já se passaram séculos desde a última entrada. Se foi por falta de tentativas? Duvido.

...

Vou te contar do sonho dessa noite. Não precisa ouvir, mas senta.

[E eu te olho enfurecida, como quem acredita na força do olhar.] - Tudo bem, hoje estou serena.

Foi uma noite de recursos. Se tinha pedra, o chão abria. Se tinha dor, a ferida fechava. Se tinha perigo, o céu se abria e todas as possibilidades apareciam como quem sequer sonha, só questiona. E seguia assim, no impulso que movia a mim, que corpo não tinha, mas sistemas. Sistemas de reação não só àquilo que se mostrava na roupagem do externo, mas também àquela força - não vou dizer interna, subjetiva - mas àquela. Porque até agora não consigo compreender que fatores me as levaram entender.

[E o que me importa?] - E você sentiu...

Não. Não é sentir. Longe disso. É captação. Um minuto, vou pegar uma coisa.

[Quanto mais respiro, mais sufoco. Não é fugir que liberta, mas mentir assim também não dá. Vai, raciocina. A resposta está aí, aqui. Está tudo tão oco aqui, parece até que posso ouvir minha voz.] - ...
E aí que apreendi sem sentido. Peguei três porções, juntei numa caldeira, mergulhei e saí intacta. A pedra que caiu brilhava, mas entendo que de preciosa nada tinha, já que em sonho meu tudo dá certo e, como disse..


[Mas cadê?? Como se ausenta assim prometendo e volta só falando? É assim que funciona - na base das expectativas frustradas?] - Ué, não ia trazer?

Mas o que? Peguei pra mim. A ti não interessa. Só o que te resta é me ouvir, mesmo que eu esteja indisposta a dizer.

[...] Então é assim? A cada passo que dá dois meus têm que seguir sem questionamento? Então calcula e promete o indesejo a fim de só conseguir um olhar de bem vinda? E que a prostração do sujeito que se derrama em não sentidos e frases entrecortadas de fingimento do entender seja finalmente escancarada?

Pois bem. Agora sim. Finalmente um falar sem hesitar.

[Ainda bem] - que eu te amo.