quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Desimporta o que passou

Ontem foi pesado. No momento em que tudo parecia certo, a sala ficou vazia. E eu, sentada no canto, a espera, permaneci. E dormi. Sono profundo.

Sonhei que estava de saída. Dessas que se faz sem ter rumo nem prazo, em que a única opção é olhar pra frente e estufar o peito acordando consigo que a construção de si só é feita de futuro.

E então segui. Num salto de vôo leve, desses em que se anda no ar dando a volta no infinito e ainda sobra tempo de cair sentada naquele retalho de boas lembranças, das quais cada um aqui faz parte. Continuei caminhando, a espera de que isso de aparência pretérita seguisse o meu passo presente e concordasse em ir comigo avante. O peito encheu de esperança e o passo largo partiu de novo para o infinito.

Então uma onda muito grande passou. Derrubou tudo: o futuro, o infinito, as lembranças. E eu caí do passo largo que tinha apostado no eixo vertical. Dessas quedas em que a única esperança que pode existir naquela fração do não desespero é a de que ali embaixo exista tudo, menos dor.

Caí da cama. Atrasada, acordei num temporal. Saí quase nua, desesperada pelo sabe-se lá o que. Não tinha compromissos, não tinha acordos e sequer alguém a espera.

No meio do caminho - e é meio porque foi o ponto de partida da volta - respirei e senti: é saudade.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Parca esperança

Numa hora dessas, já nesse avançar de idade, tudo o que deveria ter feito era já ter partido. Numa rajada, num sopro, numa missão. Em missão real, em busca de vida.

E tudo que vive parece mesmo fantasia.

Nem é mais culpa do outro, daquilo, de dentro. É mais um acordo que um chamado. Como se no despertar a avaliação dos momentos passados não passassem de simples relatório diário. Contagem absoluta, passo e passo continuados. Tudo aquilo que parecia incontável estava ali, em números absolutos, invariáveis.

E se olha. E olha fundo. Mergulha no que antes forçava em acreditar que era um poço largo e profundo onde, um dia talvez, encontraria todos os gritos jogados. E aí que percebe que nada disso adiantou. Não é a força do pensamento que transforma. Como viu, os número são invariáveis. Existe até uma contagem que modifica as posições, mas no momento em que se olha com cuidado, tudo volta. E volta certo, sem piedade.

Pois então que se descobre rasa, volátil e transparente. Nada que procurou ser e gerou a expectativa de conseguiu. E que bom.

Já que ninguém é assim tão complexo, já entendeu que tudo varia nos ciclos. Não é de tempo, nem de passagens. Mas os ciclos dos números.

Hoje já é presente de novo. E que seja enquanto dure, que o futuro ela nunca alcança.

sábado, 17 de setembro de 2011

Conversa a sós

E então que já se passaram séculos desde a última entrada. Se foi por falta de tentativas? Duvido.

...

Vou te contar do sonho dessa noite. Não precisa ouvir, mas senta.

[E eu te olho enfurecida, como quem acredita na força do olhar.] - Tudo bem, hoje estou serena.

Foi uma noite de recursos. Se tinha pedra, o chão abria. Se tinha dor, a ferida fechava. Se tinha perigo, o céu se abria e todas as possibilidades apareciam como quem sequer sonha, só questiona. E seguia assim, no impulso que movia a mim, que corpo não tinha, mas sistemas. Sistemas de reação não só àquilo que se mostrava na roupagem do externo, mas também àquela força - não vou dizer interna, subjetiva - mas àquela. Porque até agora não consigo compreender que fatores me as levaram entender.

[E o que me importa?] - E você sentiu...

Não. Não é sentir. Longe disso. É captação. Um minuto, vou pegar uma coisa.

[Quanto mais respiro, mais sufoco. Não é fugir que liberta, mas mentir assim também não dá. Vai, raciocina. A resposta está aí, aqui. Está tudo tão oco aqui, parece até que posso ouvir minha voz.] - ...
E aí que apreendi sem sentido. Peguei três porções, juntei numa caldeira, mergulhei e saí intacta. A pedra que caiu brilhava, mas entendo que de preciosa nada tinha, já que em sonho meu tudo dá certo e, como disse..


[Mas cadê?? Como se ausenta assim prometendo e volta só falando? É assim que funciona - na base das expectativas frustradas?] - Ué, não ia trazer?

Mas o que? Peguei pra mim. A ti não interessa. Só o que te resta é me ouvir, mesmo que eu esteja indisposta a dizer.

[...] Então é assim? A cada passo que dá dois meus têm que seguir sem questionamento? Então calcula e promete o indesejo a fim de só conseguir um olhar de bem vinda? E que a prostração do sujeito que se derrama em não sentidos e frases entrecortadas de fingimento do entender seja finalmente escancarada?

Pois bem. Agora sim. Finalmente um falar sem hesitar.

[Ainda bem] - que eu te amo.

sábado, 16 de abril de 2011

What's the matter with you, rock?

Acho mesmo que acabou a paz. E não é de hoje - muito menos por hoje. Chegou num ponto em que o momento é de assumir, não mais reprimir. Não é de fala aberta ou olhar impassível, mas de peito e corpo. Em pedaços não multiplicáveis - porque já existe muita soma - que devem se organizar em métodos novos de arranjos. É um momento de recolocar os pontos sem o receio da emoção.

Mas é impossível não racionalizar o amor. Não de tese, método e conclusão. Não é assim. É uma razão organizacional que, infelizmente ou não, burocratiza o processo.

É então que chego num ponto: existem os momentos da poesia, do prazer na dor e do olhar sem enxergar, ouvir sem escutar, falar sem conversar. E são momentos que estão no limite dos pólos de organização. Sim, porque nesse momento só o que constam de pastas arquivais são "positivos" e "negativos". Não que sejam bons ou maus. São apenas pontos.

Mas é que no meio desse processo, quando tudo parece bem, surgem dúvidas sobre onde colocar o que. Aí me pego sentada em frente a duas pastas imensas e entulhadas e mais uma porção de sentimento pra guardar. Sento neles, desempilho num movimento mais brusco de corpo inquieto de quem não enxerga o esperado fim e, de preguiça, adormeço.

Acordo e está tudo amassado. Alguns rasgaram.

- Tudo bem, não gosto mesmo de arrumar nada.

Mas é então que volto pro começo: paz acabou. E não é mesmo de hoje. E, se não é de arranjos, de que será?

Estou jogando fora, já que organizar não me serve mais.

Mas então que vejo: guardo a caixa para rascunhos. E, apesar de nem sempre estarem os sentidos em branco, nem amassados nem rasgados eles estão. É o lixo de coleta seletiva.

Já não tem mais como recomeçar. desespero.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Só no meu olhar

"Não é preciso dizer, deves compreender e até mesmo notar".

Acho que encontrei a síntese. Logo depois de ter achado a verdade - pelo menos a momentânea - acredito mesmo que finalmente encontrei. Pode ser que a fuga continuada das paráfrases tenha desvirtuado um caminho - que não digo longo nem árduo - procurado. Não é de dores, porque não havia consciência. Nem de ânsias, porque sequer havia desejo. Só um caminho.

Acho que de novo enviei uma mensagem ao coração. Não dessas dramáticas que se perdem em mil sentidos e se acham em dúvidas, mas das pausadas, sóbrias e finalmente felizes. Não é mascarada, muito menos implosiva. Foi de encontro gritado.

Finalmente me deparei em reflexo. Ou do flexo real. Nada mais canceriano que o momento.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

aos Amigos

Não adianta. Se o tempo é de sol, nenhuma nuvem vai encobrir os raios. Existe soma, brilho, luz. E existe cor. Uma nuvem traz a chuva, mas no dia Sol traz o céu laranja com roxo. Existe vida. E é pra ser vivida.

Tem dias em que só o que é bonito importa. Tem momentos em que só o que agrada interessa. Tem horas em que só o sorriso convém. Tem minutos em que só o silêncio faz sentido.

Até porque alegria mesmo só é feita de segundos somados.

E esse tempo é precioso, uma vez que é quando se pode, sem medo, ouvir, falar, perdoar, crescer, contar, acrescentar, amar. E sim, o tempo gradua os sentidos e gera a ordem das relações. Mas é isso mesmo que se quer num dia de sol.

Até porque nada é seguro, mas não é preciso ter medo de viver, sonhar, sorrir. Sem contar que todo dia é dia de amigo.

Pelo menos daqueles que aceitam e agradecem. Mesmo que em silêncio.


quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Two in one for a moment

I am what I am not. Treating me as a huge hole you are going to get an ample affection. Treating me as a shallow mind all you are going to get is one simple smile. On a first moment it does not look so bad but giving simplicity everything I want to you from me is simpleton. But take it easy: as I said nothing is what a thing is. Just like a reverse. Maybe mirror, maybe opposite polos.
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Sometimes we can be like dust blowing over and covering small parts of big objects. But how many aims should we want to reach? The answer can come with a lack of reason and once again be seemed as dullness. Just for a moment. Again you are going not to see how deep you can dig just to tell my burrow is close. It is closed actually.