quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Desimporta o que passou

Ontem foi pesado. No momento em que tudo parecia certo, a sala ficou vazia. E eu, sentada no canto, a espera, permaneci. E dormi. Sono profundo.

Sonhei que estava de saída. Dessas que se faz sem ter rumo nem prazo, em que a única opção é olhar pra frente e estufar o peito acordando consigo que a construção de si só é feita de futuro.

E então segui. Num salto de vôo leve, desses em que se anda no ar dando a volta no infinito e ainda sobra tempo de cair sentada naquele retalho de boas lembranças, das quais cada um aqui faz parte. Continuei caminhando, a espera de que isso de aparência pretérita seguisse o meu passo presente e concordasse em ir comigo avante. O peito encheu de esperança e o passo largo partiu de novo para o infinito.

Então uma onda muito grande passou. Derrubou tudo: o futuro, o infinito, as lembranças. E eu caí do passo largo que tinha apostado no eixo vertical. Dessas quedas em que a única esperança que pode existir naquela fração do não desespero é a de que ali embaixo exista tudo, menos dor.

Caí da cama. Atrasada, acordei num temporal. Saí quase nua, desesperada pelo sabe-se lá o que. Não tinha compromissos, não tinha acordos e sequer alguém a espera.

No meio do caminho - e é meio porque foi o ponto de partida da volta - respirei e senti: é saudade.