quinta-feira, 22 de maio de 2008

Se me permite dizer: te amo.

Ontem, em meio às águas sujas da nostalgia, três minutos e meio me permitiram dizer que sim. E foi um sim sincero, daqueles que, se há alguns anos atrás, teriam sido dados com uma certa relutância - é que no passado as negativas sempre foram mais sinceras.

Ontem, em meio aos passos fundos do pessimismo, uma lágrima de ternura me permitiu dizer que sim. E foi um sim desses que surpreendem, te jogam na cama e fazem rir. E foi um riso mais que sincero, daqueles de criança brincando no balanço. Surpreendeu. Isso porque, desse modo, há tempos não via (mesmo que para dentro).

Ontem, em meio à febre de quase quarenta graus, o sentido de delírio foi mais que real. Foi do tipo de delírio sincero - e, se não existe assim, foi a sinceridade inédita do delírio - e que me permitiu dizer que sim. Um delírio desses em que a cor é aspecto importante, mas a profundidade cria abismo para ser pulado. E, se é assim, te permite asas grandes e rubras , que é pra ser admirada.

Ontem, num dia quase hoje, eu voltei com a vontade de dizer que sim. E que foi uma vontade junto com a agulhada no peito - se me permite dizer saudade - que me disse que eu poderia te falar: AMO.

É que há tempos que já falo, mas ontem veio com a impossibilidade de te ver.
Aqui no peito não é dor nem falta.
Aqui no peito não é ódio nem paixão.
Aqui no peito não é cor nem tremor.

Não.

Aqui no peito é amor. E saudade.

sábado, 17 de maio de 2008

Remembering

Se é que pode ser chamada de vontade, então que se faça. Três ou quatro vezes - não importa. Mas o que realmente trouxe aqui, talvez, não tenha sido só vontade (até porque, se assim fosse, nada disso seria).

Então, o que se sentiu: punho direito, dor intensa. Esquerdo - se é que pode ser só lado - punhal. Afiado e sensitivo - além do que, se a si guiava em direção ao estufado e enorme peito em chamas, há quem possa dizer que ali uma nacada de vida existe. E, já que foi assim, não se pode negar.

Talvez esse pedaço inerte de vida (assim mesmo paradoxal) tenha desse modo se tornado na junção do agregado de repetições a que se vive o de fora. A dor direita do tentar demais e esgotar demais, a esquerda - que já também se assume como dor - em seguir recuando sempre sem saber o rumo, já que recuo é traseiro e impedido de virar.

Pode até ser que seja só um reviver memorial no passado não tão distante, no qual havia sim dor - mesmo que sem sentido. Aliás, quem foi que disse que para isso há sentido? E quem disse que ela merece ser tratada como isso? Não que seja necessariamente bonita ou mesmo de se admirar - pois há quem faça dela sua maior virtude - mas sim da complexidade mais fácil de se explicar. O tremor das mãos falam por si só.

Não, não é para entender ou ser entendido. Ou, talvez, a maior vontade mesmo é que o seja. Apesar de não existir. Mas, afinal, não é melhor sentido inventado que sentido não entendido?

Mas então, de que adianta estar aqui - já que, ao recuar, o passo para trás é o avanço necessário ao que se busca? Não, não assim. Não desse jeito. Não desse modo de agir.