segunda-feira, 21 de junho de 2010

Dos argumentos

Uma vez mais a explanação. Duravam três minutos e meio cada discurso. Longos discursos em se tratando de assuto tão falho.

Muitas foram as tentativas de explicação do correto. Parou, analisou: parece que tudo é assim tão certo. Esqueceu-se do convencimento próprio.

Calma, respira. O mundo é um moinho lento. Não te afoba, o tempo passa devagar pros que têm olhos e coração. A cabeça pesa, pondera. Mas os sentidos pulsam, espera. E vem assim, num turbilhão monótono, no paradoxo da espera dos que acreditam sempre na fila.

Não existem filas. Não te esperam no fim da linha, muito menos formam-na. Ninguém sabe quando vai acontecer e se vai. E se foi. E se ia.

Repensou nos argumentos. Todos falhos e verdadeiros. Não da verdade lógica que, de alguma forma, conseguiu mascarar os anseios ideológicos, mas da verdade impulsiva, que se permite a chance da múltipla mutação. Reinveste no pensar.

A razão parece mesmo pesar. Mas é mentira. É a face da vergonha que encara sem conseguir olhar nos olhos: um sentido. E só fala em sentido porque sentimento é palavra vergonhosa. Não da vergonha característica da tentaiva da pureza vã, mas o contrário. Uma verdade tão inocente que, em corpo daquela que se acredita tão sábia, não cabe. A inocência não é ignóbil, mas sofridamente afastada da razão.

E que razão estúpida. Encobre verdade, esconde vontade e oprime o impulso.

Queria gritar sete vezes que partiu em busca. Não conseguiu.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Qual?

O estranho de se pensar em cor preferida é não saber exatamente em que esse gosto maior se aplica. Sempre digo vermelho. Não que seja a mais bonita a olhos ou mesmo sentidos. É forte. Me faz parecer alguém assim.

Não que não goste. Mas é difícil alguém admitir que a preferência está na paleta de tons pastéis. E, no entanto, se pensa na memória, o sépia é a cor do sentido, do real, do gosto mais bonito.

Aí vêm aqueles dos corações gelados. Os que me dizem sempre que a beleza está no roxo ou azul. Numa frieza triste - o que já assume um paradoxo real e complexo (que só usei porque dois x numa oração soam bem) - de quem se mostra em momento de reflexão. Mentira.

É engraçado que mesmo os tristes amantes da frieza têm seus momentos picos de alegria: a de se mostrar bipolar e complexo. Abruptamente adotam o laranja e o amarelo. Cores brutas. Só é deleite dos tristes porque faz os olhares sofrerem. Um amarelo na luz e pronto: sou a base do sofrimento alheio.

Não, vermelho não é bruto. Valente.
Marrom não é velho. Memória.
Roxo não é triste. Sádico.
Verde é até que cor. Limitado.

Eu ainda não sei que cor me apetece. Mas, dentre as opções, prefiro o valente. Me cura.