quinta-feira, 27 de março de 2008

Sequidão

Os olhos secaram mais uma vez. De mal dormidos, de mal sentidos, de mal vividos, de mal de males. Houve tempo em que não se ligava para a secura quase árida de retina, tal que passava despercebida por corpo e forçava-se a funcionar no precário estado que se encontrava. Mas, um dia, outro como este, parou. Foi de tanta que falhou definitivamente - ou, pelo menos, achava que era. Na verdade, ainda não se sabe bem ao certo se houve acomodamento e bem-estar com a nova característica ou se mesmo melhorou. Mas o fato é que os olhos, novamente, secaram.

sábado, 15 de março de 2008

Submersa

Doze horas e meia correndo contra o tempo. Doze. Horas. Meia olhada, encharcada e mais que suada. Doze. Horas de sufoco, apreensão, corrida sem poder e olhar pro céu cinza. Doze de doses de dor nada homeopáticas. Disso foi sexta.

A cabeça que puxa, as pernas que engolem, o sono que consome. Três das doze foram em engarrafamentos e sujeiras de conversas constipadas e sem sentido. Porque o que há de pior é sentar onde não se quer, mas se deve. E eu fui obediente às regras da boa educação.

Saco.

A cabeça caiu, as pernas sumiram e o sono, enfim, conseguiu.

Ainda bem que houve risadas.

segunda-feira, 10 de março de 2008

It ain't me, babe.

Não foi esforço em se falsificar - e eu não vejo nada de errado nisso.
Não foi vontade de se mostrar maior que ninguém - e eu não veria por que discordar.
Não foi show - eu diria espetáculo.

A vontade dele foi que o assistissem e, no fundo, tive que concordar que sempre deveria ser assim. Por mais que a gente goste e queira ser igual, não há por que achar feio o inédito.

Sim, foi rouco. Sim, os anos pesam. Sim, o sopro cansa. Sim, a gaita toca. Sim, a melodia muda. Sim, os olhares fogem. Sim, foi lindo - por mais que discordem.

Apesar dele dizer que não, estava lá. Em terno, sapato e teclado. Esguio, sério e brilhante. Não pelo palco, mas por si só. Por sua poesia - que encantou, encanta e ancantará muitos - e por sua verdade.

Não precisou de obrigado falso - quem agradece é o público.
Não precisou dançar na melodia cansada - a nova foi maior.
Não precisou pedir por mais - o que houve alegrou em sinergia.

E, se o que alguém esperava não era isso, concorde com ele mesmo: "It ain't me you're lookin' for, babe."

BOB DYLAN - It Ain't Me Babe

sexta-feira, 7 de março de 2008

Me perdi.

Foi por vontade que cheguei. Pensei. Foi por vontade que fiz. Calei. Foi por vontade, mas a idéia acabou.

Por enquanto.

Pois bem, apresentação de sem-idéias-só-por-hoje. Até porque, apresentar-se requer uma dose de formalidade - mesmo que informal. E, já que não é se apresentar como ser único, deixa pra depois.

Impessoal e involuntariamente,

Nós: Tigre e Dragão.

Nota: Dragão Caqui só.