domingo, 27 de janeiro de 2013

De uma só tacada, três cajadadas

Fui aqui na esquina e voltei: não me enganaram com gato por lebre. De parda, tenho a vida na noite e, de escaldada, sei bem que as aparências nem sempre enganam.

Se o dia foi duro, não me preocupo: o leite já se derramou. Nada de chorar: tudo vai ser diferente. Além do mais, quem espera sempre alcança e, no fim, riremos juntos e melhor.

Eu bem que não entendia muito a cegueira do coração. Até que hoje, nesses exemplos torpes, descobri que uma grama de demonstrar vale mais que a tonelada do conselho. Ainda bem que, se cair, do chão não passa.

Sempre tento por fim no tom dramático. Mas como sei que quem não chora não mama, vou colhendo em sussurros de lamento cada grão que me enche o papo.

Não que vá sair por aí gritando "tô fraco, tô fraco" ou cutucando várias onças com a vara curta. Não vou seguir falando em prata, quando me pagam ouro pelo silêncio. Pensei rápido, falei devagar, pois de gata, sou malandra: como peixe sem ir à praia.

E se vovó já dizia, fiquei com o poeta: porque se conselho é ruim porque é de graça, prefiro logo receber aquele que me julga pelo que sou e não por quem ando.

Pois agora quero mandar um beijo pro papai, pra titia e pra todos aqueles que estão me assistindo semeando tempestade em pequenos ventos.

Um abraço da Xuxa (porque beijinho é tchau tchau).