E não toma.
Hoje eu sentei numa faixa que não é mais de areia. Olhei pra frente e o que tinha já não era mar. E me perguntei se o caminho das nuvens ainda era possível. Se o abismo do céu ainda suportava o peso de mais um corpo que se jogava, ou se o fato de ser peso não era mesmo (como antes suspeitava) um problema do ar.
A resposta: um raio e uma nuvem preta revelando em cores e cobrindo em chuva metade do que achava ser uma sombra no céu. E a surpresa: não era sombra, era sólido. Não era treva, era caminho.
Fui ao sul revelar o que não é mais horizonte. O caminho, ao contrário do que indicavam as pedras, ia por elas, com elas, sobre e sob elas. O caminho não era mão única - dessas monótonas, solitárias e cheias de questões de obediência - mas dispersa, variável, mutante e coletiva. Não de um coletivo que despreza a palavra de apoio, o zelo do amigo, o reconforto do desabafo. E público.
Nesse dia entendi que estou em terra firme e agradeci por não ser a distância o oceano. Pelo menos por aqui eu posso andar - já que eu não posso e nadar eu não sei.
E a chama acendeu.
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