terça-feira, 12 de outubro de 2010

Platônico

Quanto mais em falta, mais presença. Sou tudo aquilo que não tenho, não vejo, não sou. Vou com muito mais do que preciso e carrego menos do que gosto. Pode ser teimosia. Ou só burrice. Só é certo que quanto mais quero, menos faço por onde.

Às vezes é só falta de tentativa. Outras, até demais. Não que seja demais pro mundo, mas é tanto quanto acho necessário. Afinal, cada caso é um caso.

Tem dias que nem vale a pena, mas insisto. Há outros em que, tivesse eu um pouco mais de coragem, fariam a vida caminhar no perfeito ciclo das boas fés. Mas é difícil: tudo quanto fácil é complexo. E se é árduo, gosto mais: mesmo quando esse custo é só visto e sentido por mim.

O que entendo é: de uns tempos pra cá, tudo o que faço, digo, sinto é em primeira pessoa. Nem vergonha disso tenho mais. Pode ser crescimento, envelhecimento ou regressão. Só sei que tá assim e ponto.

Todo dia acordo na ânsia do não querer: sonhei contigo mais de sete vezes seguidas entre sonos profundos, sonecas vespertinas, cochilos de olhos entreabertos e daqueles dormires mais que necessários. Foram assim mesmo: seguidos e constantes. De verdade, não me lembro em todo o que, mas sei que significam.

Pelo menos o espero.

Mas é que todo dia - mesmo que não saiba e sequer lembre de mim - você está presente. Essa presença de ausência que fere, corta, mata - mas faz crescer tudo aqui que emudece.

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