"Hoje: Verossimilhança
Nos acordes dissonantes da fúria do peito que se reconstrói depois de forte tempestade passageira é que se redescobre o desencanto.
Durante alguns tempos andou em linha reta e a passos compassados. Cinqüenta e oito milhões de resquícios comprovantes de sua angústia eterna me fizeram pousar de anteolhos sob suas não perspectivas. Os mesmos me fizeram desacreditar que o que eu tinha em mãos era simplesmente o oxigênio sujo o qual estávamos todos acostumados a respirar.
Agora me postei. Em posição ereta, olhos que só seguiam o que estava acima do horizonte e boca que não sentia mais nada do ardor fugaz de boca alheia e sem sentido. Me postei sim. Armada de todas as formas, munida de aparato de segurança e tentando fazer com que a respiração em compasso acelerado fizesse com que uma maior parcela de oxigênio não tão poluído fizesse com que a sagacidade fosse mais aparente e produtiva.
E foi. Sete vezes foi.
Desde então você e seu jeito cambaleante começaram a me perseguir com as feridas mais que abertas, as pupilas mais que dilatadas, os cabelos mais que desgrenhados, as mãos mais que trêmulas e o corpo tão hialino que me fez baixar guarda e olhar para o mim em você como se isso fosse a maior demonstração de auto-conhecimento existente no cosmo.
Confesso: talvez tenha visto demais. Fantasiado demais. Alegado demais. Mas é que tudo ali me parecia tão transparente, tão portal, tão maior que eu que então pensei ser justo começar ali a jornada que acaba por fazer o humano se sentir um tanto maior do que é realmente; começaria ali a megalomania desenfreada e que se baseia na libertação do sentido ignaro por meio de golfadas léxicas.
E foi. De novo e novo. Tantas polissílabas neólogas jorravam, tantos sussurros gritados arrebentavam vísceras de tão súbitos que eram, tantas verdades começaram a se concretizar.
Pois então, parou na verdade. Parou. Estagnou.
A verdade é o elixir da falta de respeito. A verdade é a resposta de todos os males. É odiosa a verdade, mesmo que se mostre coberta por véu.
A minha verdade veio mascarada. Era assim uma máscara linda! Ornamentada de pedras não palpáveis, de tintas desconhecidas a olhos virgens e fitas cintilantes que tinham um balançar natural e que trabalhavam como se fossem elas as responsáveis pelo movimento do vento. Te reconheço que o desenho que preparei da verdade foi construído depois de muitos rascunhos, mas mesmo assim não deixou de ser menos que o esperado. Mesmo assim foi espontâneo.
E, sendo dessa máscara tão figurativa e caricatural, parece que despertou a sua criança – que diante de meus olhos esbodegados de tanta luz e movimento proveniente da máscara que cobria rosto – que começou a chorar e espernear com gritos estridentes que acabaram por me machucar ouvidos. Foi daquele tipo de criança cheia dos mimos e que não suportam a idéia de que outros podem fazer uso dos mesmos tipos de benefícios dela. Tipo de criança burra que não sabe nem expressar vontade por meio de semblante infantil: só o faz através dos tapas e chutes no ar.
Vendo então tamanha criança, resolvi deixar cair a máscara bela e mostrei só o rosto sereno. Esse rosto é dado às explicações e tem uma psique didática assustadora. Daí, rumo às explicações infindáveis e indissolutas que fazem olhos pregar pela não beleza de idéias; mas é que o rosto sabe que só assim criança grande aprende – mesmo que finja não entender por puro orgulho.
Então, depois de seu entendimento quase pleno os olhos meus se abarrotam de lágrimas e a cabeça pesa. E tudo porque decidi que seria você o meu alter ego.
Está certo. Confusão sempre esteve aqui presente. Afinal, o que seria de mim senão a inconformidade?"
Eu sobre mim em 21/07/2006 - http://www.fotolog.com.br/_manquedeprogres
terça-feira, 28 de julho de 2009
वे एक्सेप्ट यू! ओने ऑफ़ उस!
Tudo o que tinha na caixa eram os bons restos. Decidiu então que de nada adiantaria se encaixado sem embrulho. Pegou três pedaços de papel.
Indecidiu.
Foi aí que resolveu sortear. Assim, num fechar de olhos tão apertado que doía. Sabe aquelas vezes que você quer apertar assim, tão forte a pálpebra que quando abre o mundo tá preto e/ou vermelho? Então.
Caiu na cama.
Uma dor de cabeça sem fim. Uma vontade de falar sem parar. E veio o vômito.
Regurgitou.
Indecidiu.
Foi aí que resolveu sortear. Assim, num fechar de olhos tão apertado que doía. Sabe aquelas vezes que você quer apertar assim, tão forte a pálpebra que quando abre o mundo tá preto e/ou vermelho? Então.
Caiu na cama.
Uma dor de cabeça sem fim. Uma vontade de falar sem parar. E veio o vômito.
Regurgitou.
terça-feira, 17 de março de 2009
Fragmentos dos 14, 15, 16 (anos) e 20
É que tudo aquilo que adoro questionar (sim, às vezes - um aquase sempre - acontecem discussões intracerebrais) me caiu hoje como um balde de água fria. Assim, como a vergonha dos clichês e ditos populares. Assim como a repetição de palavras. Assim como o tentar ser poético em curtas frases. Assim como a tentativa rebuscamento sem propósito. Assim como a tentativa de blasé terminada em insucesso. Assim como a falta de vitórias. Assim como o não reconhecimento da perda. Assim como o excesso de tudo. Assim como a vontade de verborragia. Assim como a confusão de tudo.
Assim como todos.
As tatuagens de hoje criam imagens de virtuosidade. Os tatuados de hoje querem, em seu mundo passado e presente incompreendido, mostrar que não são os de ontem. O tatuar é ser certo num mundo de errados. Aí vem: quero ser assim, rebelde de desenho, inovador na roupa cara, inspirador nos acessórios, irrepreensível nas atitudes, político nas ideologias.
Assim como a vergonha que ando sentindo. Não sei se de mim ou daqueles que não gosto. Não sei de daquilo que não gosto naqueles que desgosto. Ou mesmo de mim.
Pronto, falei.
O samba já tá saindo de moda. Em alta agora tá o novo pseudo-rock. Vários shows. Divirtam-se.
Assim como todos.
As tatuagens de hoje criam imagens de virtuosidade. Os tatuados de hoje querem, em seu mundo passado e presente incompreendido, mostrar que não são os de ontem. O tatuar é ser certo num mundo de errados. Aí vem: quero ser assim, rebelde de desenho, inovador na roupa cara, inspirador nos acessórios, irrepreensível nas atitudes, político nas ideologias.
Assim como a vergonha que ando sentindo. Não sei se de mim ou daqueles que não gosto. Não sei de daquilo que não gosto naqueles que desgosto. Ou mesmo de mim.
Pronto, falei.
O samba já tá saindo de moda. Em alta agora tá o novo pseudo-rock. Vários shows. Divirtam-se.
quinta-feira, 11 de dezembro de 2008
Quem foi mesmo que disse ser o futuro coisa a não se pensar?
Mesmo fazendo todo o esforço, parece que todos os pensamentos e repensamentos foram jogados fora. Não por causa de surtos temperamentais que, com o perdão da palavra, causam esporros internos, mas sim porque esquecer o que passa parece ser abertura do entender o que vem.
Não que fosse pra ser assim. De modo algum. Até porque, há certos dias em que o acordar é quase um baú de tralhas que traz à tona toda aquela parafernalha escondida por debaixo da epiderme empoeirada. E aí, pensar em outros tempos que não o pretérito nem é coisa que se passa pela cabeça.
Pois bem, vinte anos pesam.
Nem parece que é muito. E, na verdade, não é mesmo. Poderia ser mais, mas o medo e as falsas expectativas de amadurecimento precoce estorvaram a naturalidade do que é crescer. E, assim, me fizeram acreditar na não importância do futuro: ora, o futuro era eu! Assim precoce, aparentemente desafiadora e sem medos.
Pois bem, o passado era coisa bonita, o presente um futuro e o futuro desimportante.
E agora vem por aqui aquela inquietude que, se há um tempo, seria só tristeza passageira. Mas hoje, sei que é a desilusão do tempo.
Só por hoje...
Mesmo fazendo todo o esforço, parece que todos os pensamentos e repensamentos foram jogados fora. Não por causa de surtos temperamentais que, com o perdão da palavra, causam esporros internos, mas sim porque esquecer o que passa parece ser abertura do entender o que vem.
Não que fosse pra ser assim. De modo algum. Até porque, há certos dias em que o acordar é quase um baú de tralhas que traz à tona toda aquela parafernalha escondida por debaixo da epiderme empoeirada. E aí, pensar em outros tempos que não o pretérito nem é coisa que se passa pela cabeça.
Pois bem, vinte anos pesam.
Nem parece que é muito. E, na verdade, não é mesmo. Poderia ser mais, mas o medo e as falsas expectativas de amadurecimento precoce estorvaram a naturalidade do que é crescer. E, assim, me fizeram acreditar na não importância do futuro: ora, o futuro era eu! Assim precoce, aparentemente desafiadora e sem medos.
Pois bem, o passado era coisa bonita, o presente um futuro e o futuro desimportante.
E agora vem por aqui aquela inquietude que, se há um tempo, seria só tristeza passageira. Mas hoje, sei que é a desilusão do tempo.
Só por hoje...
sábado, 29 de novembro de 2008
Acordei ontem à noite num susto. Não daqueles pequeninos que te fazem respirar fundo, sorrir e voltar pro sono. Mas também não era do tipo pesadelo, dos que acabam com a noite.
Não.
Acordei ontem à noite num susto. Não daqueles que te fazem levantar, acordar os pais e dormir junto deles. Mas também não era do tipo isso passa, dos que retomam a noite.
Não.
Acordei ontem à noite num susto. Não daqueles que te fazem lembrar do dever, suar frio e começar o trabalho. Mas também não era do tipo mudança, das que pedem o andar pra frente.
Sim.
Acordei ontem à noite num susto. E até agora não sei o porquê.
Não.
Acordei ontem à noite num susto. Não daqueles que te fazem levantar, acordar os pais e dormir junto deles. Mas também não era do tipo isso passa, dos que retomam a noite.
Não.
Acordei ontem à noite num susto. Não daqueles que te fazem lembrar do dever, suar frio e começar o trabalho. Mas também não era do tipo mudança, das que pedem o andar pra frente.
Sim.
Acordei ontem à noite num susto. E até agora não sei o porquê.
sexta-feira, 14 de novembro de 2008
A um Amigo.
Porque já pensei demais antes de fazer. E foi assim um pensar de medo do conhecido - É, porque desagradar o conhecido é muito mais fácil do que perceber o desgosto mascarado pela boa educação do desconhecido.
Mas, liberta.
Já se foram quase três tempos.
Tudo bem que, do lado de cá, parece eterno. Engraçado que esse tempo, se contado em distância pouca, era quase nada.
Não que não valesse a pena a presença - que, por sinal, grande presença - mas é que a gente nunca sabe que falta a distância pode fazer sentir.
Não que seja só a distância - porque, desse modo, seria fácil o subterfúgio da amizade.
Não, não é. E a dificuldade de expressar é representante disso: do não saber explicar de onde isso tudo vem.
Vi suas fotos hoje. Tinha um olhar distante, mas feliz. De corpo, parecia bem. Uma beleza que, se vista há uns tempos, seria desapercebida.
De verdade me fez bem.
Lembrei dos tempos em que sonhávamos em cada pedaço de imagem - daquelas de vinte e quatro quadros por segundo mesmo - e queríamos que tudo aquilo ali pudesse ser realidade. Mas depois, num súbito de consciência, entendíamos que tudo parecia mesmo fantasia.
E gostávamos. E gostamos.
Não sei o que espero daquilo que vem, mas sei que é ainda mais vida do que foi. E olha que realmente foi.
E que saiba que me inspirou assim. Desde o início.
Mas, liberta.
Já se foram quase três tempos.
Tudo bem que, do lado de cá, parece eterno. Engraçado que esse tempo, se contado em distância pouca, era quase nada.
Não que não valesse a pena a presença - que, por sinal, grande presença - mas é que a gente nunca sabe que falta a distância pode fazer sentir.
Não que seja só a distância - porque, desse modo, seria fácil o subterfúgio da amizade.
Não, não é. E a dificuldade de expressar é representante disso: do não saber explicar de onde isso tudo vem.
Vi suas fotos hoje. Tinha um olhar distante, mas feliz. De corpo, parecia bem. Uma beleza que, se vista há uns tempos, seria desapercebida.
De verdade me fez bem.
Lembrei dos tempos em que sonhávamos em cada pedaço de imagem - daquelas de vinte e quatro quadros por segundo mesmo - e queríamos que tudo aquilo ali pudesse ser realidade. Mas depois, num súbito de consciência, entendíamos que tudo parecia mesmo fantasia.
E gostávamos. E gostamos.
Não sei o que espero daquilo que vem, mas sei que é ainda mais vida do que foi. E olha que realmente foi.
E que saiba que me inspirou assim. Desde o início.
quarta-feira, 1 de outubro de 2008
Como se fosse a última
Tudo aqui parece assim tão pouco, tão baixo, tão cheio de nãos.
Tudo aqui parece assim tão cheio, tão fora, tão cheio de vás.
Tudo aqui parece de um jeito que não deveria ser.
Tudo aqui parece de um jeito que eu não queria ter.
Mas como?
É meio assim sem querer. Uma falta de poesia, falta de sentido, falta de idéias.
É do tipo sem querer. Mesmo.
Parece tipo assim fora, sentido, ser.
E então as voltas não parecem entendidas.
E eu penso: eram pra ser?
E eu penso: por que eu?
E eu penso: por quê?
E eu penso: sei lá.
E então me vem você e me diz que não era pra ser assim, tão primeira pessoa.
E, quer saber?
Não te respondo mais.
Tudo aqui parece assim tão cheio, tão fora, tão cheio de vás.
Tudo aqui parece de um jeito que não deveria ser.
Tudo aqui parece de um jeito que eu não queria ter.
Mas como?
É meio assim sem querer. Uma falta de poesia, falta de sentido, falta de idéias.
É do tipo sem querer. Mesmo.
Parece tipo assim fora, sentido, ser.
E então as voltas não parecem entendidas.
E eu penso: eram pra ser?
E eu penso: por que eu?
E eu penso: por quê?
E eu penso: sei lá.
E então me vem você e me diz que não era pra ser assim, tão primeira pessoa.
E, quer saber?
Não te respondo mais.
Assinar:
Postagens (Atom)